Frei Galvão e o Frango do Diabo: história vivida pelo Santo Frei Galvão
Como poderia Frei Galvão, estando no Mosteiro da Luz, em São Paulo, ter sabido o que acontecera lá no meio do mato com o ex-escravo e seus frangos?
Em um pequeno sítio, no município de Itú, residia um pobre negro que muito provavelmente tinha sido um escravo liberto.
Em certa ocasião ele ficou gravemente doente e fez a promessa de levar a Frei Galvão “uma vara de frangos”, caso ficasse curado.
Pouco tempo depois ele sarou, e tratou de logo cumprir o prometido: tomou doze frangos, amarrou-os e, como se fazia na época, colocou
-os numa vara e pôs-se a caminho.
Enquanto caminhava, três das aves conseguiram fugir. Não foi difícil recapturar duas delas.
A terceira, porém, um gordo frango carijó, parecia não querer de modo algum voltar para a prisão, e corria velozmente. Issodeixou cansado e desanimado o bom homem que, perdendo a paciência, gritou:
— Pare aí, frango do diabo!
Justamente neste ponto o frango embaraçou-se num arbusto de espinhos e se deixou agarrar pelo dono que triunfante tornou a amarrá-lo na vara e prosseguiu a viagem.
Chegando ao seu destino, com muito contentamento, foi logo entregar a Frei Galvão o seu presente.
Muito agradecido, Frei Galvão foi aceitando as aves uma a uma, mas quando chegou a vez de receber
o frango carijó, ele não o aceitou dizendo:
— Este não!
— Mas, por quê, Senhor Padre? — perguntou perplexo o bom ofertante.
— Porque já o deste ao diabo! retrucou Frei Galvão.
Que espanto para o benfeitor impaciente!
Como poderia Frei Galvão, estando no Mosteiro da Luz, em São Paulo, ter sabido o que acontecera lá no
meio do mato com o ex-escravo e seus frangos? Não se sabe.
O certo é que Frei Galvão, aproveitando o acontecido, pôde transmitir dois ensinamentos e fazer
um bem espiritual para o devoto homem:
1º – Guarde a paciência em todas as ocasiões e…
2º – Cuidado com as “ofertas” que se faz ao demônio…
João Sérgio Guimarães