25 anos depois de sua morte, Plinio Corrêa de Oliveira continua vivo em sua Obra

Dr. Plinio não morreu, tornou-se imortal em sua obra! Seu espírito continua vivo e ativo, e, com o auxílio da Medianeira de todas as graças, a quem ele tanto amava, continuará pelos séculos futuros.

 

Transcorridos 25 anos do falecimento de Plínio Corrêa de Oliveira, sua figura histórica desperta interesse. Para aqueles que o conheceram, mais que um interesse, continuam existindo sentimentos que só podem ser despertados por quem foi sempre coerente com os ideais da Fé católica que ele conheceu, admirou e a ela entregou seu coração.

Sabendo que sentimentos contraditórios dividem as opiniões dos que o conheceram e que eles se misturam e vão da admiração ao ódio, sem deixar de passar pela inveja, vamos recordar algo da vida de Plinio Corrêa de Oliveira, sem o intuito de esgotar nada e deixando para a história um juízo objetivo de sua vida.

A figura histórica de Plinio Corrêa de Oliveira na História do Século XX

Plinio Corrêa de Oliveira nasceu em São Paulo, Brasil, a 13 de dezembro de 1908. Era filho de Dr. João Paulo Corrêa de Oliveira, advogado procedente de uma ilustre família de Pernambuco, e de Da. Lucilia Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira, oriunda da tradicional aristocracia paulista.

Plinio passou sua infância e adolescência no sereno ambiente familiar, inserido na aprazível sociedade da São Paulo de outrora.

Ainda jovem, destacou-se como indiscutível líder católico, o que o levou a percorrer uma fulgurante carreira política, tornando-se conhecido em todo o País.

Assim sendo, já em sua juventude, ele não poderia deixar de fundar um movimento para lutar pelos ideais da Igreja –que ele amava e queria servir–, reunindo numerosos discípulos em torno de si, aos quais se esforçou por lhes transmitir uma sólida formação doutrinária, bem como o espírito católico que o animava.

Todo homem tem uma missão dada por Deus e só ele pode cumpri-la. Assim precisa ser visto Dr. Plinio

Todo homem tem uma determinada missão a cumprir em função do desenrolar da História. Assim sendo, mais do que simplesmente deter-se na análise de fatos concretos, a vida de Dr. Plinio merece ser considerada debaixo da perspectiva desse desígnio de Deus, afim de se compreender sua pessoa, sua dedicação à Igreja, sua obra, sua gesta.

Vendo a história da humanidade, Dr. Plinio percebeu que ela vem sendo corroída por uma longa crise, estabelecida no Ocidente ao longo dos últimos cinco séculos. Esta crise foi designada por Dr. Plinio com o nome de Revolução.

Dr. Plinio via sua vocação nascer dentro desse contexto e que ela deveria desenvolver-se exatamente quando a Revolução parecia prestes a atingir o auge de sua expansão e prestes a levantar seu estandarte já vitorioso.

Defender a Igreja, lutar pela implantação do Reino de Deus, desempenhar um papel que até esse momento não havia se manifestado na História foi o que Dr. Plinio julgou ser o que deveria ser tomado a peito por um verdadeiro filho da Santa Igreja.

Foi compreendendo isso que Dr. Plinio desejou ardentemente, com a força de sua convicção, ele quis, contra o consenso de seu tempo, segurar a correnteza
e quebrar a Revolução, para que, sobre seus escombros, fosse edificado o Reino
de Maria prometido por Nossa Senhora em Fátima.

Por essa intenção dedicou sua existência e ofereceu a própria vida, se assim dispusesse a Providência. Ver a história de Plínio Corrêa de Oliveira sem considerar este aspecto fundamental que o mostre como perseguindo o ideal de um chamado religioso não é uma visualização correta.

Isso é o que precisa ser visto de um homem que chegou a expressar seu desejo de um dia poder dizer: “Já não sou eu quem vivo, mas é a Igreja Católica que vive em mim”.

Uma atuação que marcou um século de História

Dr. Plínio iniciou sua ação pública ainda bem cedo. Com 24 anos foi não só o mais jovem deputado eleito em 1934 para a Assembleia Constituinte, como foi o deputado mais votado de todo o Brasil.

Atuou de maneira decisiva para a aprovação das chamadas “Reinvindicações Mínimas” dos católicos. E seu potente poder de oratória foi ouvido nas seções da Constituinte e em outras reuniões da Assembleia, sempre em defesa dos princípios da Igreja.

Terminado seu mandato de Deputado, enquanto líder do Movimento Católico em São Paulo, lutou pela Igreja com todas as forças de sua alma, e sua influência percorreu todo o Brasil.

A bem da verdade, a receptividade maior ou menor dessa influência pelas pessoas dependia do grau de recusa que tivessem às solicitações do espírito do mundo. Por isso muitos o rejeitavam e se fechavam a ele, a suas ideias e sua influência e enquanto outros a aclamavam com ardor.

Legionário”, um jornal que Dr. Plinio transformou em influente semanário de repercussão internacional

Para desenvolver um apostolado eficaz, o jovem Dr. Plinio transformou um simples jornal paroquial, o Legionário, num influente semanário de repercussão internacional, a partir do qual revelou ao mundo o singular carisma do qual foi dotado pela Providência.

Quando o nazi-fascismo era um perigo real e iminente para o Brasil, foi Dr. Plinio quem denunciou –pelas páginas do Legionário– esse perigo que se levantava com força, a fim de que os católicos não se deixassem iludir por falsas soluções dele emanadas.

Foi o jovem Plinio que com o acerto de um tirocínio inspirado e cheio de amor para com a Igreja delatou, já como primeiro presidente da Ação Católica de São Paulo, os incipientes erros que ameaçavam mudar a face imaculada da Santa Igreja, para os quais ninguém ainda abrira os olhos totalmente.

É bom recordar que a essência da missão profética, ao contrário do que de ordinário se acredita, não consiste apenas em fazer vaticínios, mas, sobretudo, em indicar aos homens os rumos da Providência e em contemplar a visão que Deus tem dos fatos.

Nesse sentido, esta foi uma característica proeminente em toda a ação de Dr. Plinio, embora ele também fizesse previsões… e quantas ele fez!

Plinio Corrêa de Oliveira: Presidente da junta Arquidiocesana da Ação Católica

Em 12 de maio de 1940 foi nomeado presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo, –diga-se de passagem–, um fruto de seu prestígio enquanto líder católico íntegro.

Ao cumprir esse encargo, ele procurou deitar toda a sua energia na formação de uma elite católica capaz de influenciar a sociedade e mudar os rumos da História do Brasil.

Assim como a Revolução tem seus próprios tipos humanos que lhe servem de modelo, apesar de esconder que isso é feito de forma intencional, Dr. Plinio queria constituir algo análogo para a Contra-Revolução da Igreja.

Um plano que não foi realizado. Por que?

Ao contrário do que se esperava, esses planos foram, aos poucos, postos de lado. Com enorme dor, ele constatava que, quanto mais os frutos abundantes da
Ação Católica se faziam notar sob seu comando, mais se esfriava a receptividade de uma parte do clero e das lideranças laicas em relação à sua pessoa.

Simultaneamente, aqueles que o precederam na direção da Ação Católica, cada vez mais confirmados em sua adesão à heterodoxia, eram apoiados de modo crescente.
Dr. Plinio sabia muito bem que seus adversários tentariam desarticular todo o seu apostolado. Mas, levado por seu amor e fidelidade à Igreja e ofuscado pela
sua veneração pelo sacerdócio, isso parecia-lhe impossível.

Ele não ousava ver de frente a hipótese de tal iniciativa partir de membros do Episcopado:
“Esse foi um momento terrível para mim. Dúvida, isso nunca me causou, graças a Deus, mas uma dilaceração que só começou a se apaziguar quando eu percebi que não era algo nascido da Igreja, e sim uma penetração do espírito do mal nela. Afinal, a Igreja amada por mim sempre permanecera igual a si mesma em todos os séculos”, disse de certa feita Dr. Plinio.

Um livro “kamikaze”

Movido por sua fidelidade a toda prova à Santa Igreja, Dr. Plinio resolveu desmascarar essa heresia suspicaz e velada, ainda que pusesse em risco seu futuro pessoal.

Ninguém até então tivera o discernimento do mal em sua totalidade e menos ainda a coragem de delatá-lo. Nasceu assim no espírito de Dr. Plinio a ideia de escrever uma obra consagrada à cabal exposição e denúncia dos erros enquistados na Ação Católica que se alastravam por toda a Igreja:

Era preciso que um brado de alarme se erguesse, e que se operasse o esforço convergente de quantos discerniam o mal, para o revelar de uma vez.
Grito de alarme, toque de reunir: surgiu o livro
Em defesa da Ação Católica”.

O livro foi apoiado e prefaciado pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Benedetto Aloisi Masella.
E na mesma ocasião da publicação do livro “Em defesa da Ação Católica”, o Santo Padre Pio XII lançou a Encíclica Mystici Corporis, que denunciava muitos dos erros apontados por Dr. Plinio em sua obra. Aos olhos da opinião pública seria uma imprevista aprovação das ideias que, injustamente, lhe valeriam entre alguns o epíteto de herege.

Por isso um lance que parecia ser um suicídio não o foi. O “kamikaze”, ao colidir no ponto certo, havia abatido a nave adversária.

Dr. Plinio vive um período de Catacumba e de Ostracismo

A partir do fim da década de 1940 inicia-se um período denominado por Dr. Plinio como de ostracismo.
Seu amor pela Esposa de Cristo o havia levado a ser considerado um pária nas fileiras católicas.
Esses anos de isolamento e perseguição implacável, ele os transpôs acompanhado de um pequeno grupo de oito seguidores, antigos redatores do Legionário.

Com estes reminiscentes Dr. Plínio daria início à constituição de sua obra, não isenta de enormes dificuldades e trágicos episódios.

Foi nas décadas de 1950 e de 1960, que o “Grupo de Dr. Plinio” teve um grande incremento com a adesão de novos membros provenientes de famílias de imigrantes.

A injeção de sangue novo daria um impulso à consideração enlevada da missão de Dr. Plinio por parte de pessoas livres dos filtros que a comparação social e certa inveja de alguns de seus primeiros seguidores impunham até aquele momento.

A graça de Genazzano: sorriso e promessa de cumprimento da vocação

Dr. Plinio recebeu de presente no dia 16 de dezembro de 1967, uma estampa de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, Mater Boni Consilii, cópia do miraculoso afresco que lá se encontra desde o século XV.

Absorto, encantado, verdadeiramente emocionado, Dr. Plinio contemplou a estampa sem dela desviar o olhar, mantendo um silêncio
apenas interrompido por exclamações:

Que imagem magnífica! Impressionante, extraordinária! Mas que maravilha!
Como Ela é comunicativa! Olhem, parece que Ela quer falar. Ela mudou de cores. Agora tem outra expressão! Como é bondosa, maternal! Ela sorri, disposta a ajudar! Não há palavras, não se sabe o que dizer!

Dr. Plinio chamará doravante este episódio de graça de Genazzano. Disse ele mais tarde:

Ao contemplar a imagem eu tive a sensação única, inconfundível, de que o olhar d’Ela se animava, me fitava e me dava segurança”.“Não foi uma visão ou revelação, mas era como se Ela falasse comigo”.
“Meu filho, não se perturbe. Confie, porque sua obra será concluída e você cumprirá por inteiro sua missão”.

Morto, Dr. Plinio continua vivo em sua Obra: tornou-se imortal

À medida que a idade avançava, a Fé de Dr. Plinio na certeza da vitória da Contra-Revolução crescia, impulsionando-o a dar mais de si, a ponto de mostrar uma sede insaciável de sacrificar-se. Ele desejava derramar todo o sangue que lhe fosse pedido, a fim de com ele irrigar o solo do Reino que Nossa Senhora prometeu em Fátima.

Por causa de tudo isso, nos derradeiros meses de vida de Dr. Plinio, falecido a 3 de outubro de 1995, uma ideia consolava aos que o seguiam:

Mesmo morto, de alguma forma, ele viveria, havia se tornado imortal. Um homem de sua estatura moral não poderia desaparecer nas brumas da História como tantos outros. Ele tinha que continuar agindo, favorecendo aqueles que o seguiam e a realização de sua vocação. Dr. Plinio deixava a existência e entrava para História.

Dr. Plinio tornou-se imortal em sua obra! Em sua obra, seu espírito continua vivo e ativo, e, com o auxílio da Medianeira de todas as graças, a quem ele tanto amava, pelos séculos futuros.

João Sérgio Guimarães

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