Nas vésperas do Natal…

Um casal entrou no “shopping” com seus dois filhos pequenos e foi direto para a “praça” central onde estava montado o cenário de uma aldeia caracteristicamente suíça para comemorar o Natal, o nascimento do Senhor , o aniversário do Menino Jesus.

A pequena e pitoresca aldeia era completa, tinha de tudo. E o pai esforçava-se para apresentá-la aos dois meninos que o acompanhavam com atenção, curiosidade perspicaz e um olhar inteligente.

Eu quis seguir aquele cicerone improvisado e, discretamente,  acompanhei as explicações que ele, entusiasmado,  passava aos dois garotos.

Ele descrevia, com minúcias, o pitoresco das pequenas casas de madeira com telhados inclinados e avermelhados, janelas com parapeitos cheios de gerânios, portas coloridas, e ainda com pequenos e também coloridos jardinzinhos em sua volta. Tudo realmente bem bonito.

No jardim da maior e mais bonita das casinhas foi montado um estrado e sobre ele posta uma poltrona vermelha e dourada que mais parecia um trono. Era dali que o Papai Noel batia um pequeno sino, recebia as crianças articulando o seu famoso  “oh, oh, oh” e dizendo algumas palavras. Ali ele distribuía chocolates, abraços e sorrisos e ainda posava para fotos.

Diferentemente das duas crianças que não demonstravam muita admiração pelo “bom velhinho”, o pai estava entusiasmado, mais que a mãe…  Talvez ele se lembrasse de outros natais antigos: não pude saber.

O pai lhes mostrou as renas, o trenó e o quarto do Papai Noel. Os dois meninos continuavam atentos aos comentários do pai, mas não diziam nada.

Junto à casa do Papai Noel havia uma bonita árvore de Natal com bolas coloridas e muitas luzinhas douradas que o cicerone mostrou de passagem.

Próximo da casa, num canto da aldeia havia uma “estação de estrada de ferro” onde uma locomotiva arrastava um vagão cheio de meninos e meninas. Os dois garotos não comentaram nada, mesmo depois que o pai ofereceu-lhes para dar uma volta pela estrada de ferro….

Havia muito mais coisas na pequena aldeia: uma “roda gigante”, uma grande xícara onde entravam os pequenos visitantes e ela começava a rodopiar; havia também balanços, algodão doce, pipoca e outros atrativos mais para deixar as crianças contentes.

Finalmente os dois pequenos visitantes concluíram o percurso previsto. Haviam feito com seus pais a visita àquela minúscula cidade que, segundo os patrocinadores havia sido montada para comemorar o Natal, o “aniversário” do Nascimento do Menino Jesus.

Claro que o pai queria saber o comentário dos tão silenciosos filhos.

Então, feito em forma de pergunta, ouvi de um dos meninos algo que valeu como um eloquente comentário que deixou embaraçado o pai e me trouxe a explicação de porque meninos tão atentos e curiosos, que esperavam algo mais que o que viram, não demonstraram entusiasmo durante toda a visita:

–Papai, já acabou?

–Sim, meu filho.

–Mas, onde está o Menino Jesus? Onde está o aniversariante?…

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