A existência dos anjos, uma verdade de fé

Ver um anjo, neste mundo, é um excepcional privilégio. Mas muito consoladora é a doutrina católica a respeito dos anjos.

Em primeiro lugar, a existência deles é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a esse respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição, como o afirma o Catecismo da Igreja Católica.

Grandes comentadores das Sagradas Escrituras, como São Jerônimo e São Tomás de Aquino, afirmam que toda criança, no momento de seu nascimento recebe de Deus um Anjo da Guarda. Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão, ensina o Catecismo (nº 336). Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida, escreve São Basílio. E não são apenas as crianças batizadas que recebem um anjo custódio, mas todo recém-nascido.

A Providência Divina, que tudo governa com grande misericórdia, concede igualmente aos grupos humanos um anjo protetor. As famílias, as cidades, as províncias e as nações, na opinião da grande maioria dos teólogos, recebem também do Criador um Anjo da Guarda.

Sempre ao nosso lado

Não são raros os casos de anjos que apareceram para livrar seus protegidos de grandes perigos, ou simplesmente para aliviar-lhes os sofrimentos.

Santa Gema Galgani, falecida aos 25 anos em 1903, via frequentemente o seu Anjo da Guarda. Na sua infância, certa noite estava ela tão triste que não conseguia dormir. Apareceu-lhe então o anjo, pôs-lhe a mão na testa e lhe disse: Dorme, pobre criança. Ditas com tanta ternura, essas simples palavras restituíram a paz à menina, que adormeceu suavemente.

Quando moça, permaneceu, um dia, até muito tarde rezando numa igreja. Ao sair do templo, viu o bom anjo que a acompanhou até sua casa.

São Policarpo, discípulo de São João Evangelista, viajava para Esmirna, cidade da qual era bispo. Teve de pernoitar numa hospedaria, juntamente com um companheiro. Na calada da noite, foi o santo bispo despertado por uma misteriosa voz, que lhe dizia que a casa ia desmoronar. Policarpo levantou-se, acordou seu companheiro, mas esse se recusou a sair. Apareceu então visivelmente o Anjo da Guarda de São Policarpo, ordenando aos dois viajantes que saíssem imediatamente da hospedaria. Mal saíram os dois, desabou a casa com grande estrondo.

Nosso Anjo da Guarda, embora de forma invisível, está tão real e verdadeiramente ao nosso lado como o de Santa Francisca Romana ou o de Santa Gema Galgani. Ele leva nossas orações até o trono de Deus. É uma trombeta celeste que amplia o som de nossas preces, purifica-as, torna-as mais belas, mais agradáveis a Deus.

O Universo repleto de anjos

O Profeta Daniel, o Evangelista São João e o Apóstolo São Paulo, referindo- se ao número dos anjos criados por Deus, falam de milhões e milhões, das miríades e miríades de anjos que eles contemplaram no céu.

Com belíssimas palavras descreve o Profeta Davi, em seus Salmos, a solicitude cheia de ternura com que os anjos nos protegem:

Escolheste por asilo o Altíssimo. Nenhum mal te atingirá, porque aos seus anjos Ele ordenou que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão em suas mãos, para que teus pés não tropecem em alguma pedra. (Sl 90, 11-12).

Ensina-nos o grande Doutor da Igreja, Santo Ambrósio de Milão, que tudo está repleto de anjos: o ar, a terra, o mar e as igrejas a eles sujeitas.

Milhões deles permanecem constantemente na Corte Celeste. Outros receberam de Deus a missão de velar pela admirável ordem do universo: é graças à sua sábia intervenção que o Sol, a Lua, as estrelas e os rios seguem maravilhosamente os seus cursos.

Recordemos, por fim, o que sucedeu ao seráfico São Francisco de Assis.

Seu Anjo da Guarda fê-lo ouvir, embora durante apenas dois minutos, um trecho de uma das incontáveis melodias que se entoam continuamente na Corte Celeste. O Santo ficou inebriado de tal felicidade que confidenciou a seus irmãos de vocação: Estou disposto a jejuar durante mil anos, para experimentar novamente em minha alma aquela felicidade, impossível de ser descrita com a linguagem desta terra.

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