O cão sem dono…

Há um dito francês, muito positivo, que afirma o seguinte: “Quem não sabe o que procura, não sabe o que encontra”. Esse dito, tão verdadeiro, tem a sua limitação: às vezes, os grandes encontros de nossa vida são com as coisas que não sabíamos estar procurando, porque são inefáveis. Quer dizer, não há palavras capazes de exprimi-las adequadamente. O melhor de nossa alma está no que nós procuramos sem ter palavras para saber exprimi-lo. E quando o encontramos, não temos palavras para suficientemente louvá-lo.

Nesse encontro do inexprimível com o que está acima de qualquer louvor se forma um arco, que dá alegria para nossa alma. Aí está o sentido de nossa vida.

Um homem que ao longo de sua existência encontrou o que ele deveria procurar, pode afirmar: “Eu vivi!”

Se não encontrou, ele pode dizer: “Eu andei pela vida como um cão sem dono. Comi nas latas de lixo, bebi nas sarjetas, descansei na garoa, na lama, na chuva ou no sol, mas eu não vivi. Por quê? Porque eu não encontrei a mão amiga que me agradasse, o dono bom que me afagasse. Eu, cachorro, fui feito para a fidelidade, para servir, e não encontrei a quem servir. Passei uma vida vazia e morro de qualquer jeito”. Assim poderia dizer cada um de nós que não encontrasse aquilo que deveria procurar.

Quando o menino vai se fazendo moço, depois varão e daí para frente, essa procura vai sendo satisfeita pelas circunstâncias da vida; porque ele encontra logo nos primeiros vislumbres a sabedoria, a qual, diz a Escritura, é como uma mendiga à porta de nossas almas, desde a madrugada, à espera que acordemos e a abramos. Com o seu esplendor de rainha, as suas carícias de mãe, as suas iluminações incomparáveis, a sabedoria vai convidando a inocência para segui-la. E a inocência que segue o caminho da sabedoria já é o pedúnculo, a raiz da santidade.

Então, esta inocência, que encontra a sabedoria e se deixa guiar por ela, faz com que o homem encontre bem cedo a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, e diga: “É preciso parar! Aqui há mistério! Esta é a maravilha das maravilhas, à qual eu me dou, e já de uma vez! Quanta coisa existe na Igreja! E na Civilização Cristã! Quanta coisa no passado!”  v

 

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 13/10/1979)

Revista Dr Plinio 172 (Julho de 2012)

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