Quais são os irmãos de Jesus? Quem faz a vontade de Deus?

Uma afirmação carregada de intrigas e cheia de ignorância Evangélica é aquela que afirma: ‘Jesus teve outros irmãos…’

O trecho do Evangelho que fala da “Mãe” e “irmãos de Jesus” está em São Marcos 3, 31-35.

Ali, para além da elucidação desta intriga e esclarecimento daquela ignorância, encontramos algo mais importante a ser tratado: “fazer a vontade de Deus”

E é o que sobre isto nos comenta o Bispo e Doutor da Igreja São Francisco de Sales, exatamente a propósito do trecho do Evangelho que transcrevemos:

“Naquele tempo: 31Chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: ‘Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura.’ 33Ele respondeu: ‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’ 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: ‘Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.'” (S. Marcos 3, 31-35)

Fazer a vontade de Deus

Neste capítulo 3 do Evangelho de São Marcos, Jesus mesmo diz o que quer dizer: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. E o Bispo e Doutor da Igreja comenta:

“A determinação de fazer a vontade de Deus em todas as coisas, sem exceção, está contida na oração dominical, nestas palavras que dizemos todos os dias: ‘Seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu’.

“No Céu, não há qualquer resistência à vontade divina; aí, todas as coisas Lhe estão submetidas e Lhe obedecem.

Prometamos pois a Nosso Senhor fazer o mesmo, sem oferecer qualquer resistência, mas permanecendo sempre muito submissos em todas as circunstâncias a esta vontade divina. ”

“Ora, a vontade de Deus pode ser entendida de duas maneiras: como vontade de Deus significada e como vontade do seu agrado.

“A vontade significada comporta quatro partes: os mandamentos de Deus, os conselhos, os mandamentos da Igreja e as inspirações.

“Em relação aos mandamentos de Deus e da sua Igreja, temos de vergar a cabeça e de nos submeter à obediência, porque nesse caso a vontade de Deus é absoluta: temos de lhes obedecer para sermos salvos.

“Os conselhos devem ser observados por gosto e não de maneira absoluta; porque há conselhos que são de tal maneira opostos entre si, que é impossível aderir à prática de um deles sem eliminar os meios que nos permitem praticar o outro. Assim, por exemplo, há um conselho que nos sugere que abandonemos tudo o que temos para seguirmos a Nosso Senhor despidos de todas as coisas; e há outro conselho que nos sugere que emprestemos e demos esmola.

“Ora, aquele que deixou tudo o que tinha não pode dar esmolas, porque nada tem. Temos portanto de seguir os conselhos que Deus quer que sigamos, sem supor que Ele quer que os tomemos a todos como nossos.”

Vontade do Agrado de Deus

“Além disso, temos a vontade do agrado de Deus, que temos de procurar em todas as circunstâncias, ou seja, em tudo o que nos acontece: na doença, na morte, na aflição, na consolação, na adversidade e na prosperidade, em suma, em todas as coisas que não estão previstas.

“Devemos estar dispostos a submeter-nos a esta vontade de Deus em todas as ocorrências, tanto nas coisas agradáveis como nas desagradáveis, tanto na aflição como na consolação, tanto na morte como na vida, e em tudo o que não se opõe manifestamente à vontade de Deus significada, porque essa tem sempre prioridade.”

João Sérgio Guimarães

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